Por: Nelson de Paula.
"CASTELO DE MARVÃO" - 04/08/2024
O castelo encontra-se classificado como Monumento Nacional português, por Decreto publicado em 4 de julho de 1922. A intervenção do poder público, por iniciativa da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, iniciou-se em 1938, na forma de reparações, renovações, reconstruções, desinfestações, limpeza e pintura, repetindo-se até aos nossos dias.
Desde então, com o apoio da Liga dos Amigos do Castelo de Marvão e da Câmara Municipal, este patrimônio vem sendo mantido em bom estado de conservação. Aos visitantes são oferecidas visitas guiadas ao núcleo arqueológico de armaria nas dependências do castelo.
O Castelo de Marvão ergue-se sobre uma crista quartzítica, na cota de 850 metros acima do nível do mar, encerrando em seus muros a vila medieval. Os seus muros, reforçados por torres, distribuem-se em linhas defensivas concêntricas: a linha interna, reforçada por duas torres e um cubelo, dominada pela Torre de Menagem, de planta quadrada, que lhe é adossada.
A linha intermediária, coroada por ameias e reforçada por torres maciças e a linha externa, constituída pela barbacã, de onde parte a cerca que envolve o monte e compreende a vila. A adaptação dessa defesa no final do século XVII, converteu o castelo na cidadela da fortaleza abaluartada, com canhoneira nos eirados, permitindo o tiro rasante.
Falemos da lenda da região conhecida como a lenda de Nossa Senhora da Estrela. No século VIII, sem conseguir resistir ao avanço dos muçulmanos na região, os habitantes de Marvão abandonaram as suas terras para procurar refúgio nas montanhas das Astúrias, onde se mantinha viva a resistência cristã. Antes de partir, trataram de esconder as imagens sagradas.
À época da Reconquista, passados mais de quatro séculos, afirma-se numa noite, um pastor guiado por uma estrela, dirigiu-se a um monte onde encontrou, entre as rochas, uma imagem de Nossa Senhora. Como sinal de devoção, foi erguido nesse local um convento franciscano (Convento de Nossa Senhora da Estrela), tendo a Senhora se tornado protetora do castelo.
Com relação a essa devoção em particular, conta-se ainda que, uma noite em que forças castelhanas, conduzidas por dois traidores, se aproximavam sorrateiramente do castelo para o assaltar, ouviu-se na escuridão uma voz feminina que bradava às armas! Enquanto as sentinelas avisavam a guarnição para se pôr a postos, puderam ser vistos os castelhanos em fuga descendo a encosta, assustados.
Inscrito em região de grande diversidade natural, onde se encontra uma grande variedade de espécies raras e ameaçadas, o castelo foi conhecido como Ninho de Águias, devido a essa espécie que outrora nidificava no seu topo. À época da Inquisição, assim como Castelo de Vide, Marvão foi utilizada como um lugar de refúgio pelos judeus espanhóis, os chamados sefarditas.