Por: Nelson de Paula.
"CASTELO DE MONTALEGRE" - 13/04/2025
Em resposta ao inquérito-geral formulado pelo Padre Luís Cardoso a todas as freguesias do reino após o terremoto, o então pároco de Montalegre, Padre Baltazar Pereira Barroso, juntamente com os padres Bento Gonçalves dos Santos e José Pereira Carneiro, datada de 19 de março de 1758, informam que a fortificação, constituída por quatro torres ligadas por uma muralha, era defendida por uma muralha externa e uma contra muralha com fosso.
Nas muralhas rasgavam-se três portas (a norte, a oeste e a sul) e um postigo (entre as portas oeste e sul). Sobre as muralhas, erguia-se uma estacada defensiva. Posteriormente, outro autor, Américo Costa, descreveu a estrutura, também recorrendo às "Memórias Paroquiais de 1758" como fonte:
A torre de menagem, situada ao norte, tem na base 30 a 40 pés em quadrado, 68 a 70 pés de altura. A de leste mede 30 pés de largura e 58 a 60 de altura, tendo quase todas as pedras marcadas com sinais diversos. A torre do sul tem 15 pés de base e 50 de altura; é maciça até dois terços da altura; na base, do lado sul, tem a seguinte inscrição: A do poente mede 15 pés de largura na base, e 35 de altura; é maciça até três quartos da altura.
Em 1758, no terreiro interior das torres levantava-se a casa do governador do castelo. O Padre Baltazar refere-se ainda à cisterna, a fornos de cozer pão e a diversas escadas que do terreiro dão acesso às torres; descreve o revelim existente junto da porta do norte, por onde se entrava para o terreiro, e pormenoriza o dispositivo defensivo desta porta, principal entrada da fortaleza.
O segundo e o quarto andares da torre de menagem, que eram de madeira, estavam em ruínas. Em igual estado se encontravam os sobrados, os telhados e a estacaria dos muros e contra-muros das torres de sueste e sul. A de sudoeste, a mais pequena das quatro, servia para guardar a pólvora.
No século XX, o conjunto foi classificado como Monumento Nacional, por Decreto de 23 de junho de 1910. A partir da década de 1980, a ação do poder público manifestou-se por uma campanha de intervenção e restauro, que culminou, na década de 1990 com a instalação de um núcleo museológico.
Em 2021, deixou de ser tutelado pelo Governo passando para a responsabilidade da Câmara. Erguido na cota de 980 metros acima do nível do mar, o castelo, de quadrangular, é constituído por quatro torres ligadas por muralhas, fechando a praça de armas. No centro desta, abre-se uma cisterna.
A torre de menagem, a norte, em estilo gótico, ergue-se a 27 metros de altura, coroada por balcões de matacães, mísulas e ameias pentagonais. As salas interiores apresentam abóbada de cantaria. A Torre Furada, a sul, apresenta planta quadrada. A Torre do Relógio e a Torre Pequena, também a Sul, apresentam ambas plantas retangulares. Externamente, a estrutura era defendida por duas linhas de muralhas, conforme o desenho de Duarte de Armas, hoje demolidas. A leste e a sul, desenvolveu-se a vila medieval.