Por: Nelson de Paula.
"CASTELO DE ALGOSO" - 13/07/2025
O aglomerado apresenta um razoável estado de conservação, com exceção do setor a sul da Igreja Matriz e ao longo do acesso Norte, mais degradado. As intervenções de recuperação e remodelação, atuando sobre o edificado primitivo, têm dissimulado a arquitetura popular mantendo, no entanto, a sua raiz, o que permite uma leitura sem dissonâncias contrastantes.
As construções são, em regra, rebocadas e pintadas sobre alvenarias de xisto de pedra miúda com junta argamassada e vãos emoldurados em granito. A varanda de sacada e alpendrada, é um elemento comum nas construções tradicionais.
Também numa outra proeminência, conhecida por Cabeço dos Moiros, mais a Sul, junto ao Angueira, há vestígios de um outro povoado fortificado, com sistema defensivo composto por duas linhas de muralha, conhecido por Castelo dos Mouros de Algoso.
Algoso era ponto de passagem obrigatório para os romeiros que percorriam o Caminho de Santiago. Ali chegavam com os pés doloridos, iam lavá-los à Fonte Santa, aproveitando este local não só para curar as chagas, mas também para descansar.
Embora os autores mais antigos acreditem que a primitiva ocupação humana de seu sítio remonte a um castro pré-histórico, a recente pesquisa arqueológica confirmou que a mesma ocorreu em diversas fases desde o período Calcolítico até à ocupação romana, embora não necessariamente em termos militares.
A arqueologia permitiu confirmar que, antes de a Idade Média ali ter erguido um castelo, foram várias as fases de povoamento, identificando-se materiais dos períodos calcolítico (em particular moldes de fundição de machados de bronze), proto-histórico e romano (correspondendo, estes últimos, a elementos cerâmicos aparentemente associados a uma lixeira do século IV e não a uma efetiva presença militar).
À época da Reconquista cristã da Península Ibérica, a primitiva linha de limites do condado portucalense com o reino de Leão desenvolvia-se ao longo da margem esquerda do rio Sabor até à sua confluência com a ribeira de Angueira.
Esta raia era vigiada por quatro sentinelas principais: o Castelo de Milhão, o Castelo de Santulhão (ambos já desaparecidos), o Castelo de Outeiro de Miranda (em ruínas) e este Castelo de Algoso.